domingo, 11 de janeiro de 2009

Fora do Lugar

Lá fora fazia frio, o vento passeava por entre as ruas desertas, apartadas de gente e de sentido.

Apesar de tudo, preferia estar lá fora, onde o silêncio imperava.

Dentro de si ouvia vozes. Não vozes de loucura, desesperadas. Mas sim da sua consciência. Vozes que não queria escutar, que não queria descortinar.

Tinha a cabeça a latejar, mas as vozes não deixavam de se fazer ouvir... Não a deixavam racionalizar.

Contrapunham-se. Contradiziam-se. Contradiziam-na.

Remoiam a sua consciência, gritavam o seu sofrimento.

Pediu que fizessem silêncio. Mas elas não se calaram.

Deixou-se ficar no seu canto, tapou os ouvidos, fechou os olhos.

Tentou acalmar-se. Não adiantava batalhar contra elas. Implorou apenas que não mudassem o seu mundo. Mas no fundo, tudo o que ela queria era que o pudessem fazer...

Quando finalmente se fez silêncio, nada estava onde lhe pertencia estar... Nada estava onde ela gostava que estivesse. Degladiou-se então com a ideia de vir a desiludir-se uma vez mais...

1 comentário:

Ana Margarida Cinza disse...

ai..essas miseráveis vozes do inconsciente ou subconsciente..que nos atemorizam, destronam, e tantas vezes vencem...

nao quero que nos vençam...nao quero que nos mudem as concepçoes logicas do que é O QUE DEVE SER...

lutar contra elas? não vale a pena, pois nao? temos de esperar que desapareçam, nao e? :(

odeio o tempo...o inverno...a espera...